segunda-feira, 28 de abril de 2008

" A Árvore da Serra" Augusto dos Anjos (1884- 1914)

-As árvores, meu filho, não têm alma!
Esta árvore me serve de empecilhoÉ
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
_ Meu pai! porque sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?
Deus pôs alma nos cedros...nos junquilhos...
Esta árvore "... meu pai, possui alma!...
- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
" Não mate a árvore, pai, para que eu viva!

E quando a àrvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!"

Vozes da África (Castro Alves)

"Vozes d'Àfrica
Deus! ò Deus! onde estàs que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos cèus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estàs, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé! ...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos harèns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...

A Europa é sempre Europa, a gloriosa! ...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã! ...

Sempre a làurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
Universo após ela — doudo amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

....................................

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

E nem tenho uma sombra de floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo ás Pirâmides do Egito
Embalde aos quatro céus chorando grito:
'Abriga-me, Senhor!...'

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: 'Lá vai África embuçada
No seu branco albornoz. . . '

Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silêncio campeia solitàrio
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno cèu.

De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim ...
Onde branqueia a caravana errante,
E o camelo monòtono, arquejante
Que desce de Efraim

.......................................

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurìvel
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu glàdio vingador?!
........................................

Foi depois do dilúvio... um viadante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
'Cão! ... serás meu esposo bem-amado...
— Serei tua Eloá. . . '

Desde este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas,
E o Nômada faminto corta as plagas
No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão! ...

Cristo! embalde morreste sobre um monte
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se ás mais... irmã traidora
Qual de Josè os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.


Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!..."

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Filtro Solar

Estresse Emocional: Quando é benéfico? Quando é ruim? De que modo os odores, os hormônios ajudam ou atrapalham?






A exposição a situações de estresse altera o estado do organismo, devendo prepará-lo para analisar a situação e executar reações comportamentais adequadas. Entretanto, a resposta ao estresse é adequada para momentos de curta duração, o chamado estresse agudo. Quando, tal estresse torna-se crônico, esses mecanismos fisiológicos intensamente ou, repetidamente ativados podem levar a alterações orgânicas funcionais.

Tais efeitos estão bem documentados. Dependendo da intensidade e da duração do estresse, diferentes efeitos podem ser observados em relação à memória e à nocicepção, (percepção de estímulos desagradáveis como dor, medo etc). Neste último caso, enquanto o estresse agudo induz analgesia, a exposição ao estresse crônico diminui o limiar (aumenta a sensibilidade) para a percepção de estímulos dolorosos. Nesse caso, diferenças foram observadas também dependendo do gênero (sexo: macho-fêmea, mulher-homem). Outro efeito do stress crônico refere-se a alterações do comportamento alimentar, com alteração no consumo de alimento doce. "Mulheres, principalmente, "tomam um porre de bombom quando deprimidas não é mesmo?"

Diferentes efeitos do estresse crônico apresentam-se de modos distintos quando são estudados animais machos e fêmeas. Por exemplo, ratos cronicamente estressados apresentam diferentes efeitos gênero-dependentes na memória de reconhecimento de objetos e memória espacial. Enquanto ratos machos, cronicamente estressados, apresentam dificuldade nesses testes (em relação aos controles), as fêmeas apresentam diminuição em seu desempenho nos testes de memória espacial e nenhuma alteração de desempenho no teste de reconhecimento de objetos (em relação aos controles).

Ratos machos e fêmeas cronicamente estressados também apresentam diferentes efeitos quando são avaliados os níveis de aminas biogênicas ( neurotransmissores como serotonina, dopamina, por exemplo) em estruturas cerebrais. Por exemplo, os níveis de serotonina e metabólitos de dopamina, na região CA1(uma região cerebral), é superior nas fêmeas.

Quando se considera a resposta a sabores agradáveis, trabalhos anteriores de nosso laboratório (tempo em que eu estava na UFRGS) têm mostrado diferenças entre machos e fêmeas no que concerne ao efeito do estresse crônico sobre a ingestão de alimento doce. Além disso, esses efeitos sobre o consumo de doce são variáveis segundo o tipo de estresse crônico utilizado.

Estudos têm relatado alterações na nocicepção em função da exposição a odores agradáveis ou desagradáveis, (pensem em cheirinhos gostosos como o de um perfume agradável ou de carniça arggggggggg!!, respectivamente). Estes efeitos são gênero-dependentes. Trabalhos prévios realizados em nosso laboratório têm apontado para diferenças nessa resposta (nocicepção após exposição a odores) quando são considerados animais machos cronicamente estressados ou controles.

O estado de ansiedade é outra característica que pode variar em função dos níveis de hormônios gonadais. Em ratas fêmeas, a ansiedade varia conforme o ciclo estral (ciclo menstrual da rata). Enquanto que os níveis de ansiedade diminuem durante as fases pró-estral e di-estral, a administração de estradiol anula essa diferença. "É Mulherada, ratas também, como nós, tem TPM! Tadinhas né!

O modelo experimental utilizado para detectar o nível de ansiedade nas ratas fêmeas foi a verificação do tempo despendido para explorar o braço aberto do plus- maze (tipo um labirinto radial com dois braços fechados e dois abertos), o qual é inversamente proporcional ao nível de ansiedade. Estudos demonstram que ratas fêmeas ooforectomizadas ( cirurgia onde os ovários foram retirados), quando recebem tratamento com estradiol, apresentam aumento nos níveis de temor e ansiedade tanto em situações realmente muito assustadoras quanto em situações mais amenas.

Considerando o exposto acima, observa-se que os comportamentos relacionados a estímulos agradáveis parecem ser diferentes em ratos estressados em relação aos ratos controle. Além disso, o efeito pode depender do modelo de estresse crônico utilizado. Nossa hipótese é que os animais cronicamente estressados avaliem de modo diferente estímulos agradáveis e, talvez, tal mudança na avaliação também ocorra com estímulos desagradáveis. Ainda, esses efeitos podem depender do gênero e do tipo de estresse crônico ao qual o animal é submetido.

Referências Bibliográficas:

1.Bodnoff et al 1995, Luine et al 1993, Nishimura et al 1999, Conrad et al 1996, McLay et al 1998;
2.
Amir & Amit, 1978, Lewis et al., 1980, Lewis et al., 1980, Watkins et al., 1982, Bodnar, 1986, Vidal & Jacob, 1982, Satoh et al.,1992, Gamaro et al, 1998, Torres et al., 2001;
3.
Amit & Amit, 1978, Lewis et al., 1980, Watkins et al., 1982, Bodnar, 1986, Vidal & Jacob, 1982, Satoh et al.,1992, Gamaro et al, 1998, Torres et al., 2001;
4.
Amit & Amit, 1978, Lewis et al., 1980, Watkins et al., 1982, Bodnar, 1986;
5.
Satoh et al.,1992, Gamaro et al, 1998, Torres et al, 2001;
6.
Gamaro et al, 1998;
7.
Ely et al., 1997;
8.
Luine, 2002;
9.
Beck, 2002;
10.
Ely et al., 1997;
11.
Marchand e Arsenauldt, 2002;
12. Fontanella, 2002, comunicação pessoal;
13.
Marcondes, 2001



quarta-feira, 2 de abril de 2008

"É melhor tentar e falhar que ocupar-se em ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, que nada fazer. Eu prefiro caminhar na chuva a, em dias tristes, me esconder em casa. Prefiro ser feliz, embora louco, a viver em conformidade. Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização. Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a minha macieira. O ódio paralisa a vida; o amor a desata. O ódio confunde a vida; o amor a harmoniza. O ódio escurece a vida; o amor a ilumina. O amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo..."
Martin Luther King Jr.